VGIORDANO EP. #018 👢


Duas semanas, exatamente duas semanas se passaram desde que voltou ao colégio e fez as últimas provas. Depois de terminar a última prova, Anna e Johnny montaram um acampamento para Valentina na sala do apartamento, onde tinha tudo o que ela queria por perto, os blocos de desenhos, estojo, alguns livros que a Martina trouxe, mangás que a Felipa comprou e um travesseiro triangular que a mãe do Johnny deu para Valentina colocar o pé para o alto.

Os pais do Johnny vieram alguns dias durante essas duas semanas, sempre traziam pão doce e bolo da padaria da esquina. A Felipa vinha depois do colégio para passar a tarde com a amiga. Thati e Luke também apareciam perto da hora do jantar e Théo vinha buscar a Thati e o Luke. Ele sempre subia para conversar com o grupo, Valentina, Felipa, Anna, Luke, Thati, Johnny e principalmente com Victor.
E o Johnny estava sempre lá, menos no horário das aulas, ele vinha para tomar café da manhã, depois da aula vinha almoçar e ficava até que Victor dissesse que estava na hora dele ir.
Como esse garoto acabou tão envolvido com a família dela? Théo também conversava com o Victor de igual para igual, mas eram tão formais que parecia que estavam jogando xadrez e não conversando. Já com Johnny, Victor fica mais solto. E com o Luke parecia que Victor se irritava até de ouvir a voz dele.
Esse tempo todo em repouso fez muito bem para ela, o médico autorizou que ela tirasse o gesso mais cedo e agora estava indo fazer a prova do vestibular. A prova seria na capital, Johnny e Felipa bolaram um plano para cobrir a Valen, eles disseram que Valen dividiria o apartamento com eles e que naquele dia tinham que estar lá para receber os últimos móveis.
Assim, Johnny pegou o carro do pai emprestado e juntos com, Felipa e Bernardo eles viajaram para a capital.
Os três ficaram em um café de frente para o prédio da faculdade onde Valen faria a prova e a entrevista dela, foram poucos alunos interessados e eles acabaram remarcando as entrevistas para o dia da prova, Valen até agradeceu, voltar outro dia deixaria o pai dela ainda mais desconfiado.
A prova foi cansativa, mas a entrevista foi tranquila, a professora que testou a conversação, quando descobriu que o sobrenome dela era Giordano, mostrou a bolsa e os sapatos de Victório Giordano que a filha trouxe no último verão. 
Valentina entendeu tudo o que a senhora falou e conseguiu responder sem dificuldade também.
Estava andando de volta para o café para encontrar com os amigos quando viu um rosto conhecido e ficou parada esperando ele se aproximar.
- Como foi a prova?
- Acho que vou conseguir, o que você faz aqui?
- Vim cuidar da minha transferência. Ano que vem vou estudar perto de casa, quero cuidar da Thati e ter certeza de que a bruxa não vai forçá-la a cometer o mesmo erro que cometi.
- É isso o que você diz para si mesmo? Que foi forçado a trair um amigo?
- Johnny te contou?
- Não importa quem contou, sua mãe pode ser o que for, mas você tem que assumir suas atitudes, no final ela não poderia realmente te forçar a nada.
- Ela ameaçou...
- Eu não me importo! Não me importo com isso! Não me importo com você! Só quero que fiquem longe de nós.
- Nós quem? Você e seus pais? Ou você e o Johnny?
- Que diferença faz? Mesmo que eu não conhecesse o Johnny eu não me aproximaria de você. - Valen agarrou a bolsa e saiu andando em direção a saída.
No café, Bernardo e Johnny tentavam convencer a Felipa de separar o grupo pelo resto da tarde.
- Podem parar com isso? Não vou me separar da minha amiga, logo ela vai para a Itália e eu não vou poder mais vê-la.
- Como tem tanta certeza de que ela vai passar nessa prova? - Bernardo riu.
- De tudo o que ela se dispôs a fazer, desde que nos tornamos amigas, ela sempre conseguiu concluir tudo do jeito que queria. Tirando a parte que a senhora Franco se envolveu.
- Do que vocês estão falando?
- Esses dois querem dividir o grupo em duplas pelo resto do dia.
- Felipa! Essa ideia é excelente!
- Sério? Você gostou mesmo da ideia? - Bernardo parecia surpreso.
Johnny cruzou os braços e sorriu para Valentina.
- Valen! Eu não quero...
- Duplas, Felipa! Nós encontramos vocês no apartamento às seis? - Valen segurou a mão da amiga e saiu andando sem esperar por uma resposta deles.
- Ah! Essa dupla! - Felipa sorriu.
- Eu encontrei com o Théo na saída da faculdade.
- E?
- Eu falei umas coisas sobre o que aconteceu entre ele e o Johnny. Isso me incomoda e não sei o motivo. Estou confusa.
- O que te incomoda é o fato do Théo ter feito isso? Ou te incomoda ver o quanto isso magoou o Johnny?
- Esse é o problema. Não sei dizer.
- E a prova? Como foi na entrevista?
- Você conhece uma marca chamada Victório Giordano?
- Nunca ouvi falar.
- A professora que fez a entrevista tinha uma bolsa dessa marca.
- Será que essa é a empresa dos seus avós?
- Qual é a probabilidade?
- É bem alta, já que esse universo não é tão grande.
- Agora para onde vamos?
- Eu tenho uma ideia!
Felipa arrastou Valentina para uma loja de roupas formais, as duas provaram alguns vestidos e Felipa comprou dois deles.
- Não que eu não tenha me divertido, mas por que comprou esses vestidos?
- Pelo mesmo motivos que vamos comprar sapatos que combinem com os vestidos.
- Felipa!
- Você vai saber quando chegar em casa.
As duas chegaram no apartamento carregando as bolsas. Um cheiro estranho invadiu o elevador assim que as portas se abriram.
- Ah não! Sabia que não era uma boa ideia separar o grupo.
A porta do apartamento estava aberta e Bernardo estava com um ventilador na mão tentando dissipar a fumaça da cozinha.
- O que você está fazendo?
- O Johnny queria fazer o jantar.
- E você deixou? Meu primo já colocou fogo na casa dele, sabia? Meus tios tiveram que reconstruir a cozinha.
- Como eu saberia? Ele nunca cozinhou nada na minha frente.
Valen foi abrir todas as janelas e Felipa levou a frigideira com alguma coisa carbonizada para a pia. Colocou uma tampa sobre a panela e ligou a torneira.
- Onde ele está?
- Foi no restaurante aqui na frente buscar alguma coisa.
- Por favor, me diz que você vai fazer faculdade em outro lugar, se tiver que arrumar a bagunça de vocês dois sozinha pelos próximos quatro anos eu juro que vou enlouquecer.
- Eu entendo tanto de cozinha quanto o Johnny.
- Como ele se diz seu amigo se te abandona assim?
- Abandonar? Acho que você está exagerando.
- Exagerando?
Bernardo olhou para Valen suplicando para ela acalmar a Felipa.
- Olha, por que você não vai atrás do Johnny? E é melhor vocês voltarem com algum sorvete, de preferência de chocolate. Eu vou cuidar da bagunça e você, Felipa, senta nesse sofá, fecha os olhos e conta até dez.
- Eles que vão arrumar. - Felipa lançou um olhar assassino para Bernardo.
- Eu fico?
- Vai logo, Bernardo! - Valentina pegou um copo de água e estendeu para a amiga. - Senta lá! Você assustou ele! É assim que demonstra seu amor?
- Valen!
- Ele já foi. Se está tão chateada em dividir apartamento com o seu primo deveria falar com seus tios.
- Eu não tenho outra escolha. Tenho?
- Quer que eu fale com os meninos? Por que é muito provável que o Bernardo passe bastante tempo aqui com vocês. Talvez o Otávio, o Luke e a Thati também venham.
- Thati? Você avisou a ela que não estaria em casa hoje?
- Esqueci.
- E você avisou que seu pai não sabe de nada sobre Milão?
- Nós temos que ir!
As duas pegaram as bolsas e trancaram o apartamento.
Os dois estavam assustados e de mãos vazias na entrada do prédio.
- Eles só vendem com reserva, eu vou pedir uma pizza. - Johnny explicou.
- Vamos pedir lá em casa, a Thati e o Luke estão indo para lá.
- Quer tanto assim ver o Théo? - Johnny falou irritado.
- Ela não... - Felipa estava tão irritada quanto o primo.
- Eu não gosto de faltar com a minha palavra. De qualquer jeito acho que fui bem na prova, sendo assim, tenho pouco tempo para passar com meus pais. - Valen puxou a amiga na direção da porta do carro.
Bernardo bateu nas costas do amigo e sorriu desanimado. Os dois entraram no carro. Johnny entregou a chave na mão do amigo e sentou no banco da frente. Bernardo destravou as portas de trás para as duas e elas entraram no carro também.
De um lado, Felipa colocou os fones de ouvido e ficou olhando para o reflexo do Bernardo no retrovisor. Valentina e Johnny ficaram se encarando pelo espelho até que Valen desviou o olhar para a paisagem que corria pela janela e Johnny fechou os olhos.
Duas horas depois, quando Bernardo estacionou o carro na frente do prédio dos Giordano, Johnny abriu e fechou os olhos algumas vezes até reconhecer onde estava. No banco de trás as duas dormiam dividindo os fones e por cima das sacolas e bolsas.
- O que você acha?
- Comparada com a Bia, a Valen é um quebra cabeças de mil peças.
- E quantas peças a Bia tem?
- Vinte? Fala sério! O que aconteceu entre vocês foi muito mais simples. Os pais dela pressionaram e ela acatou. Mas a Valen é o tipo de garota que você nunca vai estar na frente ou ao lado, você sempre vai correr atrás dela e sinceramente não acho que você vai conseguir entender o que ela quer.
- E a Felipa?
- Você precisa ser mais compreensivo com sua prima, sabe o quanto ficar longe dos pais deve ser difícil para ela? Ela pode estar se formando, mas ainda é uma garota.
Eles olharam para trás e as meninas não estavam mais lá.

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